A inovação é uma das palavras-chaves da atualidade. Basta olhar para alguns anúncios na internet que nos deparamos com o tema em palestras com nomes renomados, promessas políticas para crescimento local, expectativas de empresas para a consolidação no mercado e muito mais. No ambiente corporativo, inovações têm sido a bandeira de empresas que querem romper com antigos processos e serviços, ou que buscam o reconhecimento em um mercado cada vez mais competitivo.
Mas o que é inovação?
Inovação é a ação ou o ato de inovar, podendo ser a alteração de costumes, legislações e/ou processos ou a criação de algo novo que irá modificar a realidade de um ambiente. Isso significa que a inovação passa tanto pela adaptação de processos já existentes, como pela criação de novos produtos ou processos.
De acordo com um relatório fornecido pela União Europeia, empresas como a Samsung, Volkswagen, Microsoft e Huawei, no ano de 2019, investiram mais de 10 bilhões de eurosna área de Pesquisa e Desenvolvimento, responsável pela criação de inovações.
Os valores comprovam que é um mercado super aquecido e que, efetivamente, traz novidades aos processos e práticas corporativas. E é por meio das inovações que o mercado tem sido transformado, agilizando processos, melhorando a produtividade e aumentando o lucro das empresas. Tanto é verdade que os investimentos na área sobem ano após ano.
Apesar de estarem transformando o mundo, são vários os processos, atividades e produtos que não cumprem com a promessa de serem disruptivos e também que não atingem resultados capazes de agregar valor efetivo para as organizações onde foram construídos. Sem um sistema de governança e gestão apoiando um processo criativo, inovações possuem grandes chances de tornarem-se apenas invenções.
A importância da Gestão da Inovação?
Todo tipo de projeto de inovação possui relevantes e inerentes doses de riscos associados. É do jogo. No entanto, a intensidade, impacto e probabilidade destes riscos podem e devem ser mitigados a partir de um conjunto de boas práticas de governança e gestão implementados antes e durante a execução do projeto, incluindo a própria gestão de riscos.
Boas ideias, inspiração e empreendedorismo não são suficientes para tornar boas inovações em oportunidades que, de fato, agreguem valor para uma organização e suas partes interessadas. E o desafio principal, neste ponto, é o tempero entre o ímpeto da inspiração e empolgação associada a ideia (ainda que seja a melhor de todos os tempos), e o modelo racional necessário para que esta ideia possa ter viabilidade e maiores chances de render bons frutos.
Os aspectos principais que envolvem um processo de inovação devem necessariamente incluir um alinhamento com os objetivos estratégicos e direção da organização.
Em adição a isso, ainda em fase de planejamento, os recursos necessários e a viabilidade de prazos definidos para o projeto, devem ser ponderados e analisados. Por fim, indicadores de sua execução precisam ser estabelecidos, controlados, monitorados, inclusive oferecendo condições para que mudanças de rumo possam ser identificadas e adotadas, quando necessárias.
Nesta linha, a própria ISO publicou norma relacionada à Gestão da Inovação (ISO 56002), na qual diretrizes de boas práticas são estabelecidas para proporcionar a governança e gestão efetiva deste processo inovativo nas organizações.
Um processo de gestão da inovação não pode, de forma alguma, ser confundido com rotinas, processos e controles que venham a enxertar burocracia ou amarras ao ímpeto criativo e disruptivo, mas sim permitir que toda a energia e recursos despendidos, possam estar canalizados para uma direção alinhada aos melhores interesses da organização, dentro dos limites dos seus recursos disponíveis, e com acompanhamento capaz de aumentar as probabilidades de seu sucesso.
Ideias geniais não podem ser fardos que a organização não consegue carregar. As boas práticas de governança e gestão ajudam a garantir um ambiente controlado e mais previsível, caminhando junto com os processos inovadores em prol de toda a organização, e de seus objetivos estratégicos.
Ao modernizar a visão dos processos e práticas mesmo em ambientes inovadores, os problemas relacionados à gestão de crise, investimento de recursos e aporte financeiro tendem a ser menores – e isso sim é ser disruptivo e inovador.
Este artigo foi publicado originalmente no jornal Tribuna da Imprensa Digital